A funcionária da Quevedo foi valente ao abrir a porta com uma senha, mesmo depois de fazer o bandido armado esperar quase 30 segundos. Ela errou cinco vezes a digitação. Confesso que no lugar dela, não teria acertado e a porta ainda estaria fechada. O sistema nervoso da gente é uma coisa louca, passível de estudos.
Ao ver esse caso, lembrei da vez que enfrentei uma perseguição enquanto voltada da faculdade. Um veículo capotou após ultrapassar o ônibus da linha Gaivotas, onde eu estava, na SC-403. O coletivo parou e a polícia vinha logo atrás, buscando o carro fugitivo.
Quando o ônibus parou, pensei: “vou fazer umas fotos, já que isso é notícia”. Quando a polícia chegou, começou o tiroteio. Abri meu telefone e via todos aqueles ícones e não conseguia encontrar a câmera. Impressionante! Eu olhava aqueles botões coloridos do meu smartphone e não achei a câmera. Sistema nervoso. As balas estavam comendo do lado de fora e eu tentando achar uma maneira de registrar.
Claro que não consegui. Depois que o coletivo arrancou, voltei a si e refleti que, dentro do coletivo, poderia ter sido baleado. Fiquei trêmulo e pálido, igual a um papel. Sim, jornalistas tem sistema nervoso quando estamos na linha de tiro.
O sistema nervoso fez eu não encontrar a câmera do meu telefone. Até hoje, tenho umas reações assim, mas confesso que um dia quero ir num campo de guerra para ver de perto bombas, e não balas de revólver.