
Além de fiscalizar as ligações de esgoto à rede da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan), o programa ‘Trato pelo Capivari’ está identificando moradores que não possuem ligação correta em fossas nos pontos onde não há rede. As fossas sépticas são unidades de tratamento primário, nas quais são feitas a separação e a transformação físico-química da matéria sólida contida no esgoto. É uma maneira simples e barata de disposição dos esgotos. Uma boa parte dos imóveis vistoriados possuem uma espécie de extravasor (ladrão) para dentro da rede pluvial.
“Se nós tivermos um bairro inteiro com fossas sépticas, a capacidade das fossas será reduzida. Ela trabalha conm capacidade de infiltração natural. Se nós morarmos numa rua só com casas, ambientes unifamiliares, perfeitamente o ambiente vai aderir. O problema é quando temos uma massificação de pessoas, onde a fossa não vai funcionar. É aí que surge a necessidade de rede”, afirmou Vinicius Ragghianti, engenheiro sanitarista responsável pelo Trato pelo Capivari.
Uma das funções do programa é ajudar a Casan a realizar um diagnóstico de situações de onde a fossa não daria mais certo. Uma das maiores dificuldades no processo de verificação da regularidade das ligações é a verificação do dispositivo que, muitas vezes, é construído para evitar a necessidade de acesso de um agente externo. Em muitos casos, existe apenas uma pequena abertura para que um cano entre e faça a limpeza através de um caminhão limpa fossa.
“A primeira coisa que checamos é ver se não há um extravasor na pluvial ou se há um desvio do efluente que não chega na fossa. Se a fossa está operando bem ou não, é um trabalho mais complexo que não é função da inspeção. Tem algum tipo de esgoto extravasando do lote de forma irregular? Tem muito. Qual que é o ponto: as pessoas não querem dar manutenção no sistema de fossa”, afirmou.
No momento da visita, os técnicos realizam perguntas e, dependendo da resposta dos moradores, eles conseguem identificar se há problemas no dispositivo caseiro de infiltração.
Como funciona a fossa?
O esgoto in natura deve ser lançado em um tanque ou em uma fossa para que, com o menor fluxo da água, a parte sólida possa se depositar, liberando a parte líquida. Uma vez feito isso bactérias anaeróbias agem sobre a parte sólida do esgoto decompondo-o. Esta decomposição é importante pois torna o esgoto residual com menor quantidade de matéria orgânica pois a fossa remove cerca de 40 % da demanda biológica de oxigênio e o mesmo agora pode ser lançado de volta à natureza, com menor prejuízo à mesma.