
O candidato Elson Pereira, do PSOL, planeja implementar um sistema de transporte coletivo BRT (Bus Rapid Transit) em Florianópolis e ampliá-lo para a Grande Florianópolis. Estiva valores na casa de bilhões para a toda a região metropolitana. Questionado sobre a inviabilidade de um projeto com esses valores, diz que é possível. Afirmou ainda que integrantes da coligação foram agredidos durante atividades de campanha. Quando perguntado sobre se é justo receber um salário de mais de R$ 20 mil, pela UFSC, mesmo sem dar aulas e afastado devido as eleições, diz que precisa se sustentar. Confira alguns pontos da entrevista:
Transporte coletivo

Emanuel Soares: Como a vida da pessoa pode melhorar com o transporte público?
Elson: Obrigado pela pergunta. (…) Nenhuma cidade resolveu seus problemas, a não ser pelo transporte público. As grandes metrópoles mundiais tem transporte coletivo de massa com forte subsídio do Estado. O transporte individual ocupa cada vez mais espaços. Como resolver? Há dois princípios. O primeiro é a multimodalidade.
Emanuel Soares: Hoje tem duas. O ônibus e o carro.
Elson: Dentro do transporte terrestre tem que ter o transporte de massa. Tem estudos que apontam que o transporte público deveria ser prioritariamente terrestre em ônibus biarticulados…
Emanuel Soares: Como tem em Curitiba?
Elson: Como tem em Curitiba. O ônibus BRT é uma invenção de Curitiba. (…) Ele tá baseado num transporte de alta capacidade e pistas exclusivas. (…)
Emanuel Soares: De onde sairia o dinheiro para sair isso?
Elson: Vamos dar um passo atrás que é o planejamento. Isso custaria para toda a Grande Florianópolis R$ 5 bilhões de reais. Mais de duas vezes o orçamento de Florianópolis.
Emanuel Soares: É impensável.
Elson: Não, não é. Temos que pensar a longo prazo.
Emanuel Soares: Mas o senhor fala a longo prazo, mas precisamos de medidas urgentes. Soluções de curto e curtíssimo prazo.
Elson: Vou te responder. Eu falei olhando oito anos para trás, em 2012. (…) Quando se faz o planejamento o município tem que ser protagonista nesse processo. O Estado não pode decidir sozinho o que vai ser feito no território de Florianópolis. Temos que trabalhar com a ideia de parcerias com empresas, dinheiro público e um fundo de mobilidade urbana.
Prefeitura x Casan

Emanuel Soares: Como o senhor vai se relacionar com a Casan para resolver os problemas da cidade no saneamento?
Elson: Quero reafirmar o compromisso com a Casan como empresa pública. Não vou municipalizar qualquer tipo de serviço de saneamento. Sou defensor que haja uma relação da prefeitura com a Casan de concessão. É preciso que o município seja o protagonista com metas claras que sejam seguidas na água e no esgoto. Hoje vemos uma relação de independência da Casan com o município. Florianópolis tem que dizer pra Casan que precisamos universalização do tratamento de esgoto até 2030.
Emanuel Soares: O que seria isso?
Elson: Rede de esgoto e tratamento. A gente sabe que o tratamento individualizado com fossas e sumidouros tem pouco controle. (…)
Licença remunerada na UFSC

Emanuel Soares: O senhor está afastado da UFSC hoje?
Elson: Sou obrigado por lei a me afastar, enquanto funcionário público. Eu estaria ocupando uma sala que é pública, um telefone que é público, um computador que é público. Eu estaria em sala de aula….
Emanuel Soares: Mas esse seu afastamento é remunerado?
Elson: Remunerado, já que isso é um direito do servidor público. Então estou afastado das minhas funções obrigado pela legislação eleitoral.
Emanuel Soares: O senhor acha bom esse sistema remoto de aulas?
Elson: No caso da UFSC é um paliativo diante de uma crise forte, pandêmica. O que a UFSC tá fazendo é correto com toda cautela e toda a proteção.
Emanuel Soares: O senhor nem chegou a dar aula esse ano?
Elson: Eu dei aula em março, quando começou a pandemia. Eu continuei as pesquisas, orientação de mestrado, doutorado. (…)
Emanuel Soares: Eu estava olhando o Portal da Transparência do Governo Federal e o senhor ganha R$ 21 mil reais, por mês, da UFSC em valor bruto. Isso dá uns R$ 168 mil reais, até agosto agora. Mas eu pergunto: o senhor praticamente não deu aulas esse ano. Seria justo receber uma quantidade de dinheiro desse tamanho sem dar aulas, mesmo que seja a distância?
Elson: Eu pergunto se algum funcionário público federal, estadual, municipal, que não esteja exercendo plenamente, teve seu salário cortado. Como professor da universidade eu não dou apenas aula. A quantidade de horas aula em sala, da minha composição de 40 horas, é em torno de 10 horas. Todas as outras 30 horas são outras atividades, inclusive de produção científica. (…) Até a Universidade de Coimbra já me chamou…
Emanuel Soares: A sua competência a gente não coloca em xeque. Questiono se é justo receber R$ 168 mil reais sem dar aulas? O senhor está afastado e ainda recebendo.
Elson: Repito, estou afastado por obrigação da legislação eleitoral. Eu gostaria de estar dando aula.
Emanuel Soares: Mas o senhor considera justo receber esse salário, mesmo afastado da UFSC?
Elson: Eu preciso sobreviver. Eu exerço minha atividade política para colocar a disposição da comunidade aquele investimento que a minha comunidade fez em mim. Sou fruto da escola pública.