
O prefeito e candidato à reeleição em Florianópolis, Gean Loureiro (DEM), foi o último a ser entrevistado pelo Conexão. O atual prefeito não vê a colocação de novas restrições como ferramenta para evitar novos casos de coronavírus (covid-19). Ele justificou que o comércio que cumpre as medidas sanitárias não resiste mais. Ele também comentou a acusação de estupro que está respondendo, além do que se prevê para a próxima temporada de verão. Ele afirmou que não vai mais fazer restrições, como fechamento de comércios, por exemplo. Confira alguns pontos da entrevista:
Acusação de estupro
Emanuel Soares: O senhor responde a uma acusação de estupro contra uma ex-servidora comissionada da prefeitura e alega que foi vítima de uma armação política. Eu queria que o senhor explicasse isso, já que muitos o condenaram pelo ato dentro de uma repartição pública municipal.
Gean: Eu fiz um vídeo. Ele foi assistido por mais de meio milhão de pessoas. Ali eu coloquei todas as respostas sobre esse assunto. Mas temos que separar em duas partes. Eu efetivamente tive uma relação consensual fora do casamento que me arrependo. Pedi desculpas à minha família e isso foi resolvido entre quatro paredes, de onde nunca precisava ter saído. O segundo ponto. O estranho é como um fato acontecido há mais de um ano atrás vem à tona na véspera da eleição num formato de denúncia de estupro, onde as próprias fotos vazadas que revelaram a minha intimidade, sem minha autorização, demonstraram claramente que não foi. Sobre esse assunto eu acredito muito na Justiça. Ela não vai faltar no momento correto. Isso tudo me dá tranquilidade de poder responder em todas as instâncias. Eu sei que o processo corre em segredo de Justiça e do ponto de vista jurídico eu tenho que todas as cautelas, já que nem fui citado ainda. Todas as informações que sei é o que a imprensa coloca e o que foi vazado na rede social. Não tenho acesso ao processo, a denúncia. Não sei se a foto que tenha ela é real, ela aconteceu, não sabemos disso. Só sabemos, e toda a população sabe, é que foi uma tentativa de armação. Agora a população não se engana mais com o jogo sujo da política. (…)
Emanuel Soares: Os seus opositores dizem que o senhor quebrou o decoro, já que o senhor teve uma relação sexual dentro de uma repartição pública.
Gean: Os meus opositores estão tentando fazer de tudo para eu não vencer a eleição e a cidade não crescer.
Emanuel Soares: Mas o senhor não quebrou o decoro?
Gean: Não. Isso aí eu vou poder explicar corretamente no processo. Por isso disse que me preservo a fazer a explicação no momento adequado, como já fiz o vídeo. Tenho a orientação jurídica para não trazer nenhum dado que ainda não seja permitido pela Justiça, se trazer. No momento adequado isso vai ser esclarecido.
Temporada de verão e o coronavírus
Emanuel Soares: O que pode ser feito nessa temporada de verão para fiscalizar, melhorar os casos de coronavírus e a ocupação de leitos que está em 85%?
Gean: Eu tive ontem uma reunião com o secretário de Estado da Saúde, prefeitos da região. Estamos trabalhando juntos há algum tempo. (…) Florianópolis teve picos da doença no final de julho e início de agosto. Naquele momento a gente chegou a ter um pico de mais de 300 novos casos por dia. Os números caíram em setembro. Com a queda nos números e a melhora no covid, se voltou a ter flexibilizações que ninguém suporta mais restrições. A economia precisa voltar a crescer. (…) Voltamos a ter um pico no mês de outubro. Ele se estabilizou e a tendência agora é que possa reduzir.
Emanuel Soares: Tem gente que diz que há uma vista grossa, pois há eleições.
Gean: Não adianta querer falar agora em novas restrições, a população não suporta mais isso. O que tem que ser feito agora é o cumprimento dos protocolos estabelecidos. Se todos cumprirem o que foi estabelecido, nós vamos ter o controle da doença.
Emanuel Soares: Mas há um boato na cidade, com origem nos empresários, de que passando a eleição, haverá novas restrições.
Gean: Não vamos mudar o comportamento que estamos tendo no pós-eleições. Eu sou muito responsável.
Emanuel Soares: O senhor não vai fazer restrições?
Gean: Não é a intenção da região da Grande Florianópolis fazer isso. Não está estabelecido na nossa programação. O que nós queremos é o cumprimento dos protocolos. E vamos entender que alguns tem que ser adaptados para alguma realidade que exista. Quando se fala de praia, autorizamos os bares a colocar mesas do lado de fora. A mesa fora é melhor que a mesa dentro. A mesa fora tem menor capacidade. Óbvio que ao ar livre tem menor chance de contágio. Mas temos que cuidar da balada, durante a noite, da festa particular.
Emanuel Soares: Mas e a quantidade de pessoas sem máscaras na beira da praia?
Gean: Por isso que nós autorizamos as atividades físicas e banho de mar. Vai fazer a corrida, caminhada, com máscara. E a gente está orientando e alguns insistem em fazer. Não estamos usando força policial. Não é a nossa característica. É a busca do convencimento. (…)
Ampliação das praias
Emanuel Soares: A prefeitura lançou os estudos para a ampliação do canto sul da Praia dos Ingleses, de Jurerê e ampliação da Avenida Lions Internacional. De onde vai sair o dinheiro para isso?
Gean: O dinheiro já está garantido. Já temos um programa do Finisa, num valor de R$ 140 milhões, com esses projetos.
Emanuel Soares: Mas é a fundo perdido?
Gean: É um financiamento.
Emanuel Soares: Mas tem que pagar depois.
Gean: A cidade paga. Hoje eu estou pagando a Beira Mar Continental. Eu estou pagando financiamentos de BNDES desde o tempo em que o Espiridião era prefeito. Financiamentos de quando o Dário foi prefeito eu também estou pagando. E a máquina gira dessa forma. Se a prefeitura não tem R$ 140 milhões, eu não vou dizer pra população que não vou fazer. Agora, nós tivemos competência de apresentar um bom projeto, de ser aprovado. Quem analisa é a Secretaria do Tesouro Nacional. Se não tiver a capacidade de pagar na frente, ela não autoriza. Eu vou fazer e a cidade vai crescer. Tem uma carência para pagar, em 12 anos.
Transporte coletivo
Emanuel Soares: Os empresários já estão pressionando a prefeitura. O senhor conseguiu reduzir a tarifa no ano passado, mas ninguém contava com essa pandemia. O que vai acontecer na virada do ano? Vai ter que aumentar a tarifa do transporte?
Gean: Olha, estamos trabalhando para atrair mais usuários para dentro do transporte. No ano passado fomos a única cidade que reduziu a tarifa de maneira inédita. Com isso, tivemos um aumento de 5% no número de usuários, pelo menos até março, antes da pandemia. Numa demonstração que isso o sistema caba se pagando, numa demonstração de que o sistema acaba se pagando. Tira o transporte individual (carros). (…) Hoje está se voltando a uma utilização de 70%. (…) Eu não vou colocar a conta da pandemia no usuário do transporte coletivo.
Emanuel Soares: Mas aumentaria o subsídio às empresas?
Gean: Se dor preciso, pra não colocar a conta no usuário, eu vou fazer. Eu quero que o usuário continue usando o transporte coletivo. Essa é a nossa política. (…)
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