
Desde 2013, quando o Conselho Federal de Medicina Veterinária publicou que cortar rabo de cachorro passou a ser crime. A penalidade para quem continuar com a prática é detenção de três meses a um ano e multa. Para os veterinários, o risco é ter seu registro suspenso, não podendo mais atuar na profissão. Criadores também são afetados pela lei. Apesar de não poderem ser punidos pelo conselho, ainda estão sujeitos às penalidades descritas acima. De acordo com o artigo 39, da lei de crimes ambientais, maltratar animais é proibido e isso inclui a prática de cortar o rabo dos cachorros.
É bom ressaltar que a caudectomia, como é chamado o procedimento, é proibida quando feita apenas para fins estéticos. Em casos como acidentes ou tumores na região, por exemplo, a prática pode ser feita, mas somente com o aval do veterinário, afirma Livia Romeiro, veterinária do Vet Quality Centro Veterinário 24h. O assunto gera muitos questionamentos. Há quem ainda defenda a prática em determinadas raças que têm a finalidade de guarda. Mas quais as implicações para os cães e por que essa lei entrou em vigor?
O procedimento de cortar o rabo dos cães surgiu no contexto de caça e trabalho no campo. Para evitar o sangramento dessa área em conflitos com outros animais, os cães de caça tinham a cauda cortada. O ferimento poderia causar a morte em casos de infecção.
Naquele contexto a prática poderia ter uma certa justificativa, afinal, não era tão simples encontrar um veterinário próximo para socorrer o cachorro em casos de traumas e sangramentos. Porém, atualmente, como os cães têm como principal função a companhia, a caudectomia perdeu seu sentido e propósito.
Outros motivos que tentavam justificar a prática eram por questões de higiene e padrões de raça consideradas como oficiais por federações em alguns países.
As raças mais afetadas por essa prática
Talvez as duas raças mais afetadas pela prática da caudectomia sejam o doberman e o rottweiler. Esses cães foram muito utilizados antigamente nas funções de caça, guarda e trabalho no campo. Por isso, tinham o rabo cortado com o objetivo de reduzir a área de atrito em confrontos com outros animais e até pessoas. Com o tempo, parece ter sido fixado um padrão para essas raças no tocante a ter a cauda cortada. Atualmente, alguns podem até mesmo considerar que esses cães de fato devem passar pela operação para seguir esse padrão.
No caso do doberman, além do rabo, a prática de cortar as orelhas também é vista como necessária para manter a estética da raça e para melhorar o desempenho na função de guarda. Porém, como já vimos, tais procedimentos perderam seu sentido justamente pela função principal que os cães desempenham em nossa sociedade: a companhia.
Outras raças que também são afetadas pela caudectomia: pinscher, boxer e poodle.