
A investigação que apura irregularidades dentro da Prefeitura de Florianópolis e a existência de uma organização criminosa, com ramificações na Câmara de Vereadores, que atuava para que as construções irregulares não fossem alvo de fiscalizações, aponta um novo capítulo, segundo fontes ligadas à Polícia Civil. Um dos agentes da SMDU (Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), de indicação política, atuava para que ações não fossem realizadas. Se ocorriam, rasgava ou engavetava notificações para empreendimentos. A organização criminosa é suspeita de evitar ações em centenas de obras, favorecer construtores, além de trabalhar para ligar água e luz ilegalmente. Na Câmara, um vereador da Capital estaria encaminhando leis para regularizar empreendimentos ou modificar pontos específicos do Plano Diretor.
Isso consta no inquérito que será encaminhado ao MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) pela Polícia Civil. No foco, estão agentes públicos e políticos da Prefeitura de Florianópolis, um integrante da Câmara de Vereadores, integrantes do IMA (Instituto do Meio Ambiente) do Estado, além de corretores imobiliários. Muitas das informações foram levantadas pela polícia través de um construtor que chegou a ser preso por obras irregulares e que fez um acordo de delação, revelando todo o esquema criminoso.
Fontes dizem que o inquérito da Polícia Civil, que teve uma mudança na presidência com a saída da Delegada Beatriz Ribas, aponta um mega esquema criminoso que envolve diversos políticos da Capital. A expectativa é que prisões seriam pedidas pelos investigadores, para tentar desarticular os crimes. Com a mudança na DRCA (Delegacia de Repressão a Crimes Ambientais), por suposta pressão política dentro da Polícia Civil, o inquérito passa por uma revisão.
Parte das informações que constam no inquérito mais robusto foram apuradas pela ‘Operação Entulho’, que já havia atingido integrantes da Prefeitura de Florianópolis. Além de agentes políticos e públicos, o esquema criminoso envolve também corretores imobiliários que estavam comercializando os imóveis construídos sem autorizações legais. Os principais beneficiados seriam construtores que faziam pagamentos recorrentes de propina aos integrantes do esquema criminoso.
Operação Entulho

Em 24 de agosto, a ‘Operação Entulho’ cumpriu 14 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão, sendo cinco prisões preventivas e uma prisão temporária. Os mandados são decorrentes de investigações que apuram crimes de associação criminosa, corrupção, construção irregular, furto de energia elétrica e desobediência a decisão administrativa de embargo de obras, todos relacionados à ocupação indevida do solo e danos ao meio ambiente urbano na Capital.
As ocupações e construções ilegais somente ocorrem por que, via de regra, há facilitação por parte de servidores públicos e agentes políticos, os quais alimentam um círculo vicioso de corrupção e favorecimento aos construtores civis, segundo a Polícia Civil.
Mesmo cientes dos embargos às obras e das ordens de demolição decretadas, os construtores ilegais insistem na continuidade da atividade criminosa, gerando prejuízos ao meio ambiente e aumentando os problemas sociais e de segurança pública nas regiões irregularmente ocupadas, especialmente no Norte da Ilha.