
Referência em realizar interrupções de gravidez, o HU (Hospital Universitário) de Florianópolis diz que orienta pessoas a procurar a Justiça para pedir abortos quando ultrapassa o limite da idade gestacional. Em nota sobre o caso da menina de 11 anos vítima de um estupro que procurou o hospital, o HU diz que realiza inúmeros encaminhamentos ao poder judiciário que, normalmente, defere o pedido com agilidade. Mas, inúmeros quantos? Destes (encaminhamento), quantas mulheres não procuram ou não conseguem? Aí cabe mais um questionamento: quantos crimes de estupro podem deixar de ser registrados e os autores punidos? Falta transparência nesse sentido e isso precisa ser averiguado pelas autoridades.
Me parece falho o protocolo do HU para atender pessoas que são vítimas de estupros e que estão em um momento de sensibilidade. Só orientar, não funciona! Numa simples orientação para uma pessoa que está em estado de choque por um crime e em momento de grande sensibilidade, a vítima de um estupro pode não procurar os direitos. É preciso ter auxílio jurídico e emocional no ato para que muitos autores de estupros não saiam impunes dos crimes.
Em nota, o hospital diz que quando ocorre de ultrapassar o limite da idade gestacional estabelecido pelo protocolo para conduzir o procedimento, orienta a família a recorrer judicialmente para assegurar esse direito. “Realizamos inúmeros encaminhamentos ao poder judiciário que, normalmente, defere o pedido com agilidade, compreendendo a complexidade e urgência da situação. No entanto, há situações, pontuais, cuja conduta do poder judiciário não corresponde à expectativa da equipe assistencial do HU em atender as demandas de saúde na sua integralidade”, diz o HU.
O HU foi o hospital que, inicialmente, atendeu a menina de 11 anos que estava grávida e teve o pedido de aborto negado pela Justiça numa ação questionável de uma juíza que pediu para ela “esperar mais um pouquinho”.