Santa Catarina aparece entre os estados brasileiros com postos de combustíveis sob influência de facções criminosas, segundo um levantamento divulgado neste domingo (18) pelo portal R7. A pesquisa identificou cinco estabelecimentos no estado com vínculos diretos com o crime organizado, evidenciando a estratégia das facções de ampliar seu alcance por meio de negócios legalizados. O relatório analisou indícios como uso de "laranjas", ligações societárias suspeitas e histórico criminal dos envolvidos, evidenciando o uso do setor como meio de lavagem de dinheiro.
Em todo o Brasil, são 941 postos de combustíveis mapeados com ligações criminosas, número expressivo frente aos cerca de 42 mil estabelecimentos do país. São Paulo lidera o ranking com 290 postos sob influência de facções, seguido por Goiás (163), Rio de Janeiro (146) e Bahia (103). A Diretoria Estadual de Investigações Criminais (DEIC) de Santa Catarina reconhece a ameaça, mas pondera que os números podem variar. “Pode ser cinco hoje, 30 amanhã. O que importa é a repressão à altura”, afirmou o delegado Daniel Régis.
Especialistas apontam que a presença de facções no setor de combustíveis não é recente, mas mostra sinais claros de expansão e reorganização. O pesquisador Welliton Caixeta Maciel destaca que o movimento começou nos anos 1990 e vem ganhando força com a precariedade da fiscalização e a possibilidade de “interiorização do crime” por meio desses negócios. Facções como PCC, Comando Vermelho e Família do Norte utilizam esses empreendimentos para viabilizar a lavagem de capitais, recrutar membros e consolidar sua atuação fora dos grandes centros urbanos.
Além da infiltração nos postos, distribuidoras também estão na mira das facções, o que agrava ainda mais a crise no setor, segundo Emerson Kapaz, presidente do Instituto Combustível Legal (ICL). “A cadeia produtiva como um todo sofre com a sonegação, o crime organizado e os devedores contumazes”, alerta. Com a diversificação das atividades criminosas, o tráfico de combustíveis se soma ao de drogas, armas e cigarros, desafiando o poder público a modernizar os mecanismos de fiscalização e endurecer as ações de combate à criminalidade organizada no país.