Santa Catarina contabiliza 91.588 pessoas diagnosticadas com transtorno do espectro autista (TEA), de acordo com dados inéditos do Censo Demográfico 2022, divulgados nesta sexta-feira (23) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O número representa 1,2% da população estadual, mesma média registrada em âmbito nacional, e coloca o estado na 9ª posição entre os que mais registram diagnósticos proporcionalmente no Brasil. Este é o primeiro censo que apresenta números oficiais sobre o autismo no país, trazendo visibilidade para uma condição antes invisibilizada nas estatísticas públicas.
Os dados revelam que a maior parte dos diagnósticos ocorre em crianças de 5 a 9 anos (15,9%), seguidas por bebês de 0 a 4 anos (11,8%) e crianças entre 10 e 14 anos (10,9%), destacando a importância da detecção precoce. O estado de São Paulo lidera em números absolutos com 547,5 mil diagnósticos, enquanto Santa Catarina registra menos, mas com índices expressivos proporcionalmente, especialmente em cidades pequenas, o que chama atenção para a realidade fora dos grandes centros.
Os municípios com maior número absoluto de diagnósticos em Santa Catarina são Joinville (8.617) e Florianópolis (7.227), que aparecem entre os 50 com mais casos no país. Já Itajaí (5.140) e Blumenau (4.837) completam a lista das cidades com maior concentração de pessoas com TEA no estado. Curiosamente, duas cidades catarinenses — Jardinópolis e São Bonifácio — não registraram nenhum diagnóstico em 2022, o que pode refletir subnotificação ou falta de acesso a serviços especializados.
O levantamento também evidencia municípios com altas taxas proporcionais de diagnósticos em relação ao número de habitantes. Santiago do Sul, menor cidade do estado com apenas 1,7 mil moradores, apresenta a maior proporção: 2,9% da população. Em seguida, aparecem Timbó Grande (2,4%) e as cidades de Santo Amaro da Imperatriz e Bocaína do Sul, ambas com 2,2%. O dado reforça que o TEA está presente em todo o território, independentemente do porte do município, e que políticas públicas devem considerar as realidades locais para garantir acolhimento e inclusão.